sábado, 2 de outubro de 2010

Dois pesos e duas medidas.


Aproveitando o momento crepuscular, parou o carro, pegou a bolsa e saiu. Olhou para os lados, apressou o passo e adentrou ao condomínio de cabeça baixa. Discretamente, destrancou a porta com sua chave e entrou no recinto.

Seu coração batia rápido, sua respiração estava ofegante, mas a sua ansiedade era o que mais a incomodava. Precisava ser rápida. Não sabia o caminho, mas não deveria ser difícil encontrar o quarto principal. Sua experiência não seria esquecida, por mais que tentasse.

Pôs sua bolsa sobre a cadeira e despiu-se. Colocou os acessórios que havia escolhido com tanto cuidado. Adormeceu.

De repente, foi acordada por um barulho de chaves na porta. Rapidamente, se recompôs e se preparou. Antes do que calculara, ele adentrou ao quarto.

Qual não foi a sua surpresa ao encontrá-la daquela forma. O sorriso que se abriu refletia os longos dias nos quais a dor dilacerava o seu peito. Por mais que não se permitisse sofrer, foi inevitável.

Ela, dona de cabelos longos e sedosos, com um andar estonteante, caprichou para chamar a sua atenção. Ele caiu, claro, como um patinho.

Ele se rendeu à paixão. Ela se fez de difícil. Mas naquele momento ele acreditava que seu desejo havia se tornado realidade.

Ela o conduziu de maneira sublime, já que os hábitos antigos não conseguiu apagar. Por mais que se esforçasse, não conseguia ocultá-los completamente.

A noite foi maravilhosa. Ele se tornara um menino bobo e inocente, daqueles que nunca havia tido contato com o mundo adulto. Ao final, estava extasiado. Sentia uma coisa diferente, era uma realização que o tirara do prumo. De tão feliz, estava prestes a se declarar. Respirou fundo, sentou-se à beira da cama.

- Eu queria aproveitar...

- Aproveitar? Espero que você tenha aproveitado meu bem.

Ele ficou sem entender por um momento que não durou muito. Logo a viu levantar-se e vestir-se. Pegou a sua bolsa, jogou a cópia da chave que havia pegado em cima dele e foi saindo. Ele, mais que depressa, levantou-se ainda nú para impedir sua partida. Mas já era tarde.

Ela se permitiu um momento de loucura. Mas não mais. Ao sair do condomínio, despiu-se daquele personagem. Não podia agir daquela forma. Afinal, era uma mulher casada, mãe de família. Apesar das desconfianças das quais vinha sendo alvo, devia manter a pose e a imparcialidade.

Mais tarde, encontrou-se com uma amiga, que logo tratou de contar o babado mais quente:

- Sabe a Fernanda? Aquela que namora o Caio?

- Claro. Eles formam um casal tão lindo!

- Pois é menina, ela traiu ele com outro. Um pobre coitado que não tem onde cair morto.

- Que absurdo! Essas pessoas de hoje já não têm a decência de antigamente.

Mas ela tratou logo de mudar de assunto. Apesar de não perceber, sua batata já estava assando.

4 comentários:

Unknown disse...

é um belo blog '-'
não vou comentar sobre o post XD

http://mikarunohistory.blogspot.com/

Alexandre Rodrigues disse...

Adorei o texto!!! Parabéns pelo blog. Abraço.

Rê Thuler disse...

Nossa que história incrivel.Realmente essa história de "dois pesos, e duas medidas" é mais atual do que nunca.
Achei interessantissima a história.
Parabpens.

beijoooo

Anônimo disse...

A tradição não é seguida mais pois prevalece as fabulas do século presente. Tsc.


Estou te seguindo, me segue. Tem uma postagem em meu blog interessante sobre a morte, seria mais um tutorial para esse momento, leia se puder e comente.

http://amplitudeb.blogspot.com

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