segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Dilacerada.


Busco no escuro do meu sótão um sinal de vida, mas só encontro solidão. Vejo as sombras dos monstros que povoam meu imaginário dando voltas a me aterrorizar. Sou atacada por um deles que invade a minha mente e desossa meu corpo. Separa em partes bem pequenas aquilo que restou do que foi de mim, do que era eu.

Ele, coberto de pêlos marrons grossos e imundos, se prepara para sentar-se naquele chão de madeira velha e empoeirada. Ao fazê-lo, sobe aquela nuvem de poeira que se transforma em condimento para meus restos. Mas não antes que o piso emita aquele característico ranger que ecoava por meus ouvidos.

Eu vejo mas não tenho olhos. Escuto mas não tenho ouvidos. Sinto mas vejo meu coração lançado ao chão. Não tenho forma, não tenho cor, nem cheiro e nem odor. Mas estou presente. Me faço existir quando nada sou.

Vejo o meu sangue, tão puro e tão nobre, escorrer por aqueles longos fiapos que cobrem aquele ser. Vejo-o rasgar mais a minha carne com os seus dentes pequenos e afiados, que cerrados, evitam desperdiçar um milímetro de pele sequer. Fui aprisionada para além daquele sótão. Foi dentro da minha mente. Que antes de pertencer somente a mim recebia influências do que quer que fosse.

Me tornei um emaranhado de pedaços, com um dono cruel. Que não se conteve em me ter inteiriça, mas precisou abusar do seu poder e provar para si mesmo o quão cruel é. Se ateve à árdua tarefa de me destruir.

Na ocasião, aproveitou do meu medo e do meu susto, rasgou minhas roupas, riscou meu corpo quase como um mapa, certo de que assim saberia dividir igualmente as partes. Naquele momento, a minha respiração era o único indício de vida remanescente naquele templo que era eu.

Ao passar sua faca dilaceradamente em mim, a força se esvaiu. E juntamente com meu sangue, se escorreu e foi embora.

Eu deveria ter resistido, eu deveria ter lutado. Mas não consegui.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Leveza.

Ando por aí sem olhar as pessoas. Só me concentro nos versos. Só vejo os amores. As flores estão sendo geradas nesse momento pré-primavera. E eu me pergunto o que estou criando aqui dentro do meu peito. Os prédios quase arranham os céus tamanha grandiosidade. Também me pergunto se serei assim grande um dia. No peito sinto um pulsar ritmado, que se acelera subitamente e de repente, se acalma e tudo se ajeita. Não o compreendo. Caminho devagar e vejo um homem sentado no chão, com a mão estendida, à espera que alguém dê dinheiro a ele. Questiono se realmente há um motivo para ele estar ali. Prossigo em meu curso, e sinto-me invadida pelo ar fresco de inverno que sopra e carrega pra longe o que a gente quer depositar para além de nós. Como se abríssemos o baú que carregamos conosco e deixássemos os conteúdos fluírem, fugirem para além dali. Sinto um alívio profundo e tão grandioso que não percebo que meus pés queimam sobre o asfalto escaldante.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Incertezas.

No medo da dor
No insensato do amor
Corro e procuro um abrigo
Estou em busca de proteção
As amarras estão soltas
E os grilhões não prendem mais
E o que faço agora?
Pra onde vou essa hora?
Será se há solução?
Será se tenho compreensão?
Os caminhos se mostram
E as escolhas se escondem
Enquanto a vontade aparece
A coragem some
Consigo levar adiante esse amor?
Ou estaria ele se transformando em dor?
Do que será que sou capaz?
Do resto eu posso até não saber.
Mas de você eu gosto mais.

Selo.

Recebi um selo da Rayane France do blog Pensamentos bobos. Fico muito feliz com o reconhecimento.
=)
Abaixo meus indicados:

http://francorebel.blogspot.com/
http://jovensidosas.blogspot.com/
http://meucaonaochupamanga.blogspot.com/
http://emummundopatetico.blogspot.com/
http://cgw-sonhoperdido.blogspot.com/
http://brogdojuniorsouza.blogspot.com/
http://casadohippie.blogspot.com/
http://desassossegonabolsa.blogspot.com/
http://vagalnerdkawai.blogspot.com/

As regras são:
-Presentar 9 blogs
-Dizer 9 coisas que não sabem sobre mim.

A primeira delas já fiz, logo aí acima.
A segunda, segue abaixo.

1ª Cruzeirense apaixonada!
Perto de completar minha 'independência' (21).
3ª Escrever me distrai.
4ª Ao contrário do que muitos pensam, nem sempre o que escrevo é que eu tô vivendo.
5ª Sou uma ex-chocólatra - não sei como mas foi assim.
6ª Mesmo sabendo as letras, canto errado alguns trechos de músicas
7ª Faço Psicologia
Tenho um amor lindo, verdadeiro e eterno!
9ª Escrevo textos melhores em momentos de raiva/dor/angústia

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

é só questão de opinião.


Não sei se é egoísmo ou muita pretensão. Mas acho que o sol está mais bonito. Acho que o amor habita cada coração. Nesse dia, de tamanha alegria que beira à perfeição, sinto o ar que chega aos alvéolos e a luminosidade que dissipa a escuridão. Parece que o dia está encantado, parece que não há desilusão. Seria assim tão ruim não perceber a dor do outro? Mas de que me importa se ela não altera a minha direção? Seria assim tão errado não agir com a razão? Às vezes não me incomoda a dor nem o horror. Basta eu estar em paz com meu coração.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Blog de Ouro.


Bom, fiquei imensamente feliz quando recebi o selo Blog de Ouro da Cacau do blog Insanidades. Visitem-na, vocês vão gostar!
As regras, ou melhor, a regra diz sobre indicar três ou mais blogs ao selo. Sendo assim, escolhi alguns bastante interessantes, que me fazem pensar quando leio os posts.



  • http://lquoos.blogspot.com/ do Lucas C. Impressionante como esse menino escreve bem. Consegue descrever de forma tão fiel que parece que estamos presenciando cada ato.

É isso, espero que gostem!
=D

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

egocentrismo puro.

Se toca garota, com esse olhar feroz e com tanta presunção. Pare de achar que o mundo gira ao seu redor, porque, querida, ele não gira não. Parece que você nem saiu do berço, tamanho egocentrismo. Onde já se viu, comportar desse seu jeito? Dessa maneira, quem você acha que vai ser um dia? Vai continuar a menina chata que só se preocupa com a chapinha? Aquela que só cola na prova e quer fazer papel de santa? Ou, seu preferido, que é ficar num pedestal onde ninguém pode te incomodar? Cresçaaaaa! E escolha uma maneira melhor pra aparecer. Porque ficar desse jeito, esnobando e achando que pode? É o fim. Fim da linha, fim de papo. Ou você acha que ainda vai conseguir alguma coisa assim? Dar em cima do professor não garante nota na prova..! Acho que disso você já se deu conta. E então?

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

apenas pequenas palavras.

As palavras vem e vão, inquietas e com exatidão. Ou às vezes não. São relapsas e vagas, displicentes e mal-criadas. Sabe aquela vontade louca de gritar um palavrão? Ou então quando vem uma vontade imensa de dizer algo que parece inexprimível? Aquela feliz sensação que preenche o seu peito e transparece no seu sorriso – já que a sua boca se recusa a se fechar – e faz os seus olhos brilharem? Pois é. Elas são assim. Aparecem quando você não tem um rascunho pra anotar, somem quando você pára para escrever, aparecem quando você se permite sofrer e são facilmente proferidas quando você está a sonhar.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Game over.

Um ato
Um fato inesperado
Uma dor
Um destino
Um desatino
Um buraco
Pouco tempo
Muito espaço
Muita gente
Lágrimas
Um caminho
Um fim

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Sofrimento.


Rasgo-me por inteira. Despedaçada. Chego ao ápice do meu sofrimento. Estou desolada. Recuso-me a obter ajuda, quero que a dor penetre cada milímetro do meu ser. Quero me sentir perfurada, que seja por uma lança ou que seja consumida pelo fogo. Mas quero sentir-me viva. Quero sentir a dor, só assim serei mais forte.

O sofrimento trás a dor ou esta causa o sofrimento? Que diferença faz quando me torno tão criativa nesse momento?! Não ousem pensar que olhos cheios de lágrimas distorcem a visão, pelo contrário. Elas limpam os seus olhos para que você enxergue melhor. Melhor e mais fundo. Olhe para as suas mãos. Sinta um calor que começa da ponta das unhas, percorrendo os seus braços, subindo pelos seus ombros e chegando ao seu pescoço. Foi um calor realmente ou um arrepio? Não importa. Você apenas se distanciou do mundo para enxergar a si próprio. É isso que o sofrimento faz.

Deitada em uma cama num quarto escuro recolho os meus pedaços, junto todos e despejo sobre eles um punhado das minhas lágrimas. Aquelas que ferviam enquanto desciam rosto abaixo. Jogo-as sobre meus cacos, elas me conectam novamente. Reergo-me. Agora eu sou mais forte. Porque quando não sofro, esqueço. Mas quando sofro, mereço o melhor que estar por vir.